terça-feira, 30 de outubro de 2012

Geografia

 Não era mais que um tapete de branco, de flocos brancos de nuvem, e sob as nuvens, mais nuvens. Por sobre as nuvens o azul indelével, o sol inflexível, mais nada. Foi só quando estávamos para chegar que o chão dos nefelibatas se abriu num rendilhado, mostrando o macio cinzento das colinas no solo.
O enrugado dos morros se enrodilhava em si, mostrando e escondendo os leitos cintilantes dos rios nos vales. Escuros de mato e claros de campo se enxadrezavam, mostrando lá e cá um quadrado de terra nua, de verdes diferentes, de cultivares. Um brilho maior aqui e ali, açude ou campo de arroz. Açude. Açude. Arroz. Açude. Arroz. Lantejoulas rebrilhando ao sol, cintilantes ou meio turvadas das plantinhas nascendo. Me pareciam tão grandes, comparados ao vermelho dos telhadinhos de cima, coroando os morros em seu brilho de joia, e aumentavam conforme o terreno se aplainava. Eram gargantuescos os campos de arroz no plano do pampa, brilhando metálicos no claro verde da planície.
A geografia se recortava no estuário do rio. Um imenso de água escura se abria, azulando no horizonte. O barroco das margens, a borda espinhenta das marinas e cais privados. Um barco, outro barco, um navio. O porto. A cidade. A capital do estado se abria colorida diante de nós.
Pousamos.

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