segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rins ao molho madeira


 Tomei um boa-noite cinderela e acordei numa banheira com gelo. Sem os rins.
Da cozinha, que aparecia aos bocados desvelados por uma cortina de peixinhos, vinha um cheiro bom – salsinha, noz moscada, pimenta. Demorou um pouco para a vista ficar nítida, e quando eu pude ver, o que eu via era um par de pernas longas e brancas e estreitas sobre saltos altíssimos vindo em minha direção. Um pedaço de carne surgiu bem na minha cara, espetado por um garfo prateado de dentes longos e agudos, segurado por uma mão branca de dedos longos e unhas vermelhas e agudas. Provei. Rins ao molho madeira.
As horas passam devagar quando você está imobilizado numa banheira com gelo. A cirurgia de extração do fígado foi minha maior distração durante aqueles dias, depois de contar os azulejos visíveis, que eram oitenta e dois, três quebrados, e os peixinhos da cortina, que eram setenta e cinco, os verdes com um a mais que os azuis. A operação foi interessante também porque durou vários dias, e ela arrancava um pouquinho só de cada vez, um lance meio Prometeu Acorrentado. Primeiro me serviu o fígado acebolado, o que trouxe péssimas recordações de uma anemia na infância. Depois o trouxe numa pastinha fria, à moda judaica, servida com torradas. Por último, ela adaptou uma receita de foie gras para fígados magros e humanos, e me serviu uma bela fatia retangular do meu próprio pâté. Textura riquíssima, untuoso, muito macio; motivo pelo qual eu preferia que ela tivesse guardado um pouco para o dia seguinte, quando tirou a minha língua, que serviu fervida e fria, em fatias finas, ao molho vinaigrette.
Quando ela arrancou minhas tripas, achei que ia jogar para os cachorros. O que ela atirou para os cães, depois, foram meus pulmões, os bofes, e outros órgãos menores; para as tripas ela tinha outros planos. Um barulho de motor vindo da cozinha me chamou a atenção, e eu tentei me mexer para ver: era uma máquina de encher linguiças. Qual era a carne do recheio, eu percebi quando me movi e os ossos nus da bacia bateram contra a parede fria da banheira. Aquela mulher estava comendo a minha bunda.
No último dia, acordei com o aroma e o chiadinho ligeiro de fritura vindo da cozinha. Me inclino para ver: sobre a pia, shoyu, vinagre, açúcar, uma lata de abacaxi. Ela apenas salteava as fatias finas na frigideira, para que a carne não ficasse dura.
Aquela receita eu conhecia. Os chineses fazem com porco, mas porcos gritam demais ao morrer – morrem de um golpe só, no pescoço, e jorra sangue, e como gritam. Mas a receita, como eu ia dizendo, era coração ao molho agridoce.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eles

Primeiro eles cegam os seus olhos, para que você não veja. Porque não há nada errado à sua volta, é evidente que você anda enxergando demais. Eles fazem de madrugada, em silêncio, e quando você acorda o céu, o sol, a face amada, tudo some, sumiu, como o nada, como o absoluto silêncio dos olhos. Se isso não for capaz de silenciar a sua voz, eles cortam a sua língua - e dessa vez não vêm em silêncio, na madrugada às escuras, vêm na própria luz do dia que você não vê e deixam claro, muito claro, o que vão fazer; te anestesiarão e o colocarão numa cadeira, e cortarão a sua língua, rápido, sem dor, sem sangue, sem desespero, sem amor, limpo como deve ser. E se o silêncio não for suficiente e você escrever - você sempre pode escrever, você conserva a caneta entre os dedos e escreve, porque não seria capaz de desaprender, e o que sai pode ser uma garatuja mas com esforço alguém lê, e eles lêem - se você escrever, eles virão novamente. E dessa vez vêm sem pena, sem piedade, virão com estrondo, sem limpeza, com sangue e pavor, e cortarão seus dedos, cada um deles, todos eles, deixando apenas as palmas, as nuas e desfolhadas palmas das suas mãos. E todo o meio que você encontrar para dizer, da maneira como for, eles vão calar, calar e torná-lo um nada, um cotoco de gente sem sensos, sem existência legal, aprisionado em seu pensamento que grita, que berra e não cala.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembrança


 A grande e barulhenta geladeira vermelha da minha infância havia sido trocada por um modelo novo, moderno, de aço, mil prestações. Os móveis de pé de palito e fórmica colorida ainda eram os mesmos. Ainda era o mesmo forro de oleado estampado de grandes frutas forrando as prateleiras, gasto nas juntas e dobras, a mesma passadeira no chão e a pia de mármore, mais encardida. Os azulejos decorados iam quase até a minha altura toda, naquele tempo, hoje chegavam no máximo até a altura do meu peito. A tinta era nova, as manchas de umidade, as mesmas. A mesma tia Lucrécia, sentada na cadeira de pé de palito, cabelos pintados de preto e os lábios de vermelho, um pouco mais gorda, mas a mesma.
Era uma casa pequena e cheia, cheia até a borda. A churrasqueira, montada no quintalzinho do fundo, ao lado da velha máquina de lavar azul, que nem funcionava mais, subindo a fumaça por entre os varais esvaziados das roupas, de plástico azul desbotado com pedaços ancestrais de pregadores quebrados junto aos festões prateados, três boás de plumas fininhos vindos não se sabe de onde, os balões coloridos pendurados feito os berenguendéns de uma baiana de carnaval. O chão de concreto rachado era tão preto de umidade e tão cheio de musgo quanto eu me lembrava.
O pequeno jardim, de roseiras mirradas e secas e treliças onde cresciam pés de bucha ou chuchu - não me lembro mais – já não tinha mais nada. O que era conveniente, uma vez que as crianças insistiam em pisar e pular tanto nele. O muro baixo, o portão baixo, tudo dando direto para a rua - o que protegia a casa eram as grades nas janelas, mas não havia quase medo nenhum de furtos. Era uma rua tão deserta, tão isolada - sem saída - que ladrão nenhum sequer perceberia que ela existe.
Eu tinha a recordação de que a rua era de paralelepípedos, mas o asfalto velho, negro e rachado parece negar minha memória – o chão assim, numa rua sem movimento, tem que ter mais de trinta anos. E a minha memória era um pouco mais recente do que isso. Eu também não me lembrava dessa abertura na mureta do fundo da rua, que dava numa escada íngreme, feita pelos próprios moradores, descendo a encosta do morro até a rua de baixo. O morro repleto de mato, bananeiras e grandes pedras nuas - nuas, a não ser por aquela uma com a monumental pichação de "Pedro (coração) Sonia - 11/07/88" em spray preto, misteriosamente sobrevivente aos tantos anos das chuvas torrenciais dessa cidade. Talvez eu não me lembre porque naquele dia, há vinte anos, como hoje, a abertura foi fechada com retalhos de madeirite cedidos por um vizinho, para evitar que alguma criança vazasse e rolasse morro abaixo, porque àquela altura a festa já ganhava a rua inteira.
Os parentes todos, filhos, sobrinhos, netos, sobrinhos netos, alguns bisnetos já, que eram tantos, se somavam aos vizinhos da pequena rua sem saída no alto de um morro da zona noroeste de São Paulo, que se somavam à praticamente toda a comunidade da pequena cidade de onde tinha vindo a tia - e minha avó, e meu pai, e metade da minha família -, lá do meio do interior da Bahia, uma cidade minúscula, que nem constava no mapa na minha geografia da quinta série, vinte anos atrás. Havia, talvez, mais gente daquela cidade em São Paulo - e ali, naquela rua sem saída, naquela festa de um sem contar de gente - do que na própria cidade, que era tão pequena.
Ela estava pagando, a tia disse, uma viagem para voltar à cidadezinha dela, ver os parentes, uma irmã que ficou lá, os primos. De avião, a tia disse, mas a senhora não tem medo, eu perguntei, mas medo do que, a tia disse, tanta coisa aqui na terra pra ter medo, vou ter medo de voar, de avião.
A essa altura as crianças já haviam enfeitado a tia com o boá de plumas, rosa-choque com brilhinhos de glitter, roubado dos enfeites no varal. Já tinham colocado nela um dos óculos de plástico da lembrança, de coração, lolita, rosa bebê. Eu também tinha o meu, também rosa, de estrela. Pedi para o pai tirar foto, nós duas, as bochechas pintadas da tia nas minhas bochechas, o boá de plumas com brilhinhos emoldurando, a tia e eu. Bonita, a tia disse, ao ver a foto pronta pelo visor da máquina. E quando fomos embora, eu vi a noite cor-de-rosa através das estrelas de plástico dos óculos da lembrança.
Na segunda-feira seguinte àquele domingo, voltando do trabalho, encontro a minha família inteira na cozinha, comendo e falando baixo. Estou deixando as chaves no prego da porta e cumprimentando um tudo-bem, quando meu pai chega perto e me diz, baixo, sem cochichar: mais ou menos. A tia Lucrécia faleceu de ontem pra hoje, meu pai disse. Dormindo, ele falou, morreu dormindo.
É preciso ir ao velório dar um abraço na minha velha avó. Há gente demais, os parentes todos, filhos, sobrinhos, netos, sobrinhos netos – bisnetos não, as crianças devem ficar em casa. Tem os vizinhos, a comunidade quase toda da cidadezinha do interior da Bahia de onde metade da minha família vem.
Não quero ficar para o enterro. Vejo de longe apenas o corpo coberto de flores brancas; o rosto, não. Quero a memória dos cabelos pintados de preto e dos lábios vermelhos, da moldura rosa com brilhinhos e das lentes de coração, cor-de-rosa, como as duas estrelas que ainda guardo no bolso, comigo, agora.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Ponte


A compostura, senhores, por favor. Perdemos tudo, mas não percamos a compostura. Pois não, senhora? O toalete é ali, madame, atrás daquela caixa de papelão. Senhores, contenham-se, por favor. Cada um fica com metade do meio hambúrguer, e deixem as batatas fritas para as crianças. Contem e façam a divisão correta, vocês todos foram para a escola, são pós-graduados até. Por favor, senhor, eu sei que vossa excelência foi desembargador em seu bom tempo, mas a fome que o senhor sente é tão grande quanto a do nosso ilustre colega, mesmo ele tendo sido apenas delegado. Papel? Como assim, papel? Ah, minha senhora, infelizmente tivemos que renunciar a esse luxo, mas já que a senhora é nova aqui eu posso dispor de alguns trapos limpos. A senhora pode lavar depois no chafariz da praça, garanto que é mais confortável que jornal. Mas o que é isso por aqui? Ordem, por favor, ordem! De quem é a escova de cabelo? A regra é clara, madame, as coisas pertencem a quem as pegou primeiro - de quem pegou, não de quem viu, minha senhora. Mas na situação em que nos encontramos tenho certeza que sua colega não se importará em partilhar seus bens e emprestar a escova assim que usar. Se ela não devolver, a senhora me procura. Como? Ah, sim, madame, a senhora pode usar a água daquelas garrafas pet para limpar, e se houver *pigarro* resíduo sólido pode usar uma das sacolinhas que depois o lixeiro leva. A senhora faz a gentileza de encher as garrafas depois? Muito obrigado. Por favor, crianças, por favor, respeito com os mais velhos. Não chamem o senhor deputado de "velho fedido", ele apenas não teve acesso a água potável suficiente para sua higiene pessoal. Sentados, por favor. Fizeram a tabuada? Não é desculpa, rapazinho, seu coleguinha também não tem caderno e fez a lição com carvão numa tábua, está vendo? Tome, tome esse pedaço de telha e faça a tabuada do 7 ali na lousa. A pilastra da ponte, seu impertinente, você sabe muito bem. Senhoras, por favor, eu já não disse! A compostura, por favor, a compostura. Perdemos tudo, mas não percamos a compostura e... Ei, devolve essa bituca, tá quase inteira e eu vi primeiro!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sete vidas


"Então, doutor, é que eu tenho um filho... um filho pequeno, sabe? O senhor entende. E eu tenho me pegado às vezes pensando em umas coisas estranhas. Às vezes, quando ele está correndo de um canto para o outro da casa, eu tenho vontade de colocar a perna na frente dele para que ele caia, para que quebre os dentinhos da frente e fique lá, jogado no chão, a boca sangrando. E da vez em que ele colocou uma chave dentro da tomada - eu tapei todas as tomadas da casa com aqueles protetores, doutor, mas não adianta, ele vai lá e arranca - eu fiquei imaginando que a voltagem da casa poderia ser bem maior e ele ficaria ali, uma silhueta negra de cabelo arrepiado com o esqueleto aparecendo, o senhor sabe, doutor, que nem em desenho animado, e depois viraria pó, viraria cinza, que eu então varreria pra debaixo do sofá. E da vez que ele ficou subindo no encosto da poltrona pra se jogar no chão, doutor, fingindo que voava. Pegou minha toalha branquinha, nova, quebrou o abajur da mesinha, fez a poltrona cair - eu pensei em convenientemente encostar o bendito móvel ali na beira da janela, o senhor sabe? Na minha fantasia a janela não tinha tela, e ele voava veloz com a força da gravidade até o chão, doutor, até o chão, e se desfazia como uma bexiga d'água que a gente joga, espalhando sangue em vez de água por todo o pátio do prédio
"Começou, eu me lembro, quando ele ainda era bem pequenininho e tinha me feito passar a noite em claro, ele não parava de chorar... Eu havia tentando de tudo já, doutor, cantar pra ele, carregar no colo, mamadeira quentinha, massagem... Achei que um banho morno não faria mal, e se relaxava a gente, podia relaxá-lo também. Então estava com ele lá na banheira, e de repente me peguei segurando sua cabecinha ali no fundo... ele soltava bolhinhas de ar, se debatia, eu soltava, ele respirava com um golpe de choro na superfície e eu o empurrava de novo, a cabecinha dele, distorcida ali no meio das ondas, das bolhas... Mas quando dei por mim, doutor, estava com ele no trocador, enxugando com a toalha, e nada daquilo tinha passado.
Depois disso vieram os sonhos. Vinham de vez em quando, principalmente nas noites em que ele me acordava querendo alguma coisa, eu voltava a dormir e sonhava. Num dos sonhos eu o soltava dali de cima, doutor, como aquela primeira cena que lhe descrevi, mas ao chegar no chão ele quicava, quicava e acabava voltando a entrar em casa, antes que eu tivesse tempo de trancar a janela. Em outro, eu o girava pelas pernas que nem aqueles martelos olímpicos, o senhor sabe, de atletismo, e o atirava na parede; no choque, ele se transformava em mil pombos brancos que voavam em todas as direções a partir do impacto, e eu detesto pombo, doutor, animalzinho sujo.
"A verdade, doutor, é que eu não se eu gostaria que esses pensamentos parassem... Por que eles me relaxam, o senhor entende? Ontem mesmo eu passei a noite quase toda sem dormir, porque o menino também não dormia e ficava pulando em sua cama, fazendo barulho, de luz acesa, e de manhã ele ainda derramou todo o chocolate na toalha branca. Tive que limpar antes de sair, me atrasei, tomei bronca do chefe. Quando esse tipo de coisa acontece, eu fico no trabalho imaginando como seria enfiar mil agulhas por baixo das unhazinhas dele, ou arrancar seus os dentinhos de leite com uma torquês, e aquilo me dá uma paz... Então eu consigo ter foco para trabalhar, mesmo com o cansaço, mas isso é por algumas horas, porque quase sempre alguém vai me ligar da creche dizendo que ele enfiou a mão no formigueiro do jardim, ou que jogou tinta guache nos olhos da coleguinha, e tudo recomeça... O senhor está me escutando, doutor?"
"Perdão, eu estava pensando em outra coisa aqui, mil perdões. É que eu tenho uma filhinha pequena, sabe, e hoje ela não me deixou dormir, e eu estava pensando em como seria se de repente o carrinho dela se soltasse na escadaria do metrô e de alguma maneira fizesse a curva e fosse cair direto na via, e..."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Incrível


Incrível é abrir a janela e ver um sol vermelho no horizonte leste em vez do branco habitual, ver uma massa fofa de todos os tons escuros de verde em lugar do colorido cinza habitual. Incrível é quando a rua movimentada em frente é um grande pátio de terra batida e o tráfego é feito de homens e mulheres vermelhos de corpos nus. Incrível o seu apartamento confortável no oitavo andar ser uma casa térrea, incrível que sua janela seja uma porta escavada no pau-a-pique porque sua casa não tem janelas. Incrível que seu teto branco com molduras de gesso hoje seja feito de palha e madeira entrelaçada, incrível que o piso de porcelanato fino sob os seus pés seja terra batida. Incrível que o seu carro e seu sapato apertado hoje sejam esse mesmo par de pés vermelhos de pele grossa, com terra vermelha embaixo das unhas, incrível que suas mãos vermelhas de palmas brancas tenham calos grossos e ainda mais terra por sob as unhas. Incrível sua gravata ser hoje um desenho intrincado de grafismos de preto e vermelho. Incrível que sua agenda apertada para hoje seja a roça de manhã e a pesca de tarde, que seu almoço de negócios seja um prato de farinha de mandioca e carne moqueada, que seu café seja a água fresca com gosto de barro da moringa vermelha. Incrível que seu sofá e TV da noite sejam uma dose de cauim e um grande caminho de brasas vermelhas que você atravessa com seus pés vermelhos, incrível a dor dos primeiros passos, incrível o medo, a vontade de desistir em tão poucos segundos. Incrível como você deixa de olhar as brasas e seus pés e olha o rosto dos outros homens, das outras mulheres, vermelhos das brasas vermelhas, e você avança. Incrível como as brasas não esfriaram, mas você, você é vermelho como as brasas, vermelho como todos os outros, quente como todos os outros, você é quente como as brasas e por isso não sentirá, você é o próprio fogo, você passa. Incrível que caia de joelhos ao fim do caminho, em meio aos uivos primais de alegria de seus companheiros vermelhos, incrível que eles te apanhem e o sentem num banco vermelho em forma de onça e que venha um velho enfeitado de penas e riscos no corpo com uma enorme faca de pedra, incrível que seus companheiros te firmem pelos dois braços para não deixá-lo fugir, incrível que a moça vermelha dos peitos bonitos segure seu lábio para baixo e o velho vem, o velho e a faca, rasgando seu lábio num jorro de sangue vermelho e tudo o que fazem para estancar é colocar lá uma enorme presa de algum animal. Incrível o seu chefe, te olhando torto na manhã seguinte e seu colega ao lado perguntando se o piercing doeu.